No último vagão

E de noite eu sempre tento entrar no último vagão do metrô por ser o mais vazio. Não que eu não goste do movimento, não digo isso porque sei que seria uma mentira das mais deslavadas o possível, eu sou apaixonada por movimento, não sou muito chegada de lugares muito pacatos em quase todos os casos, meus exageros também não, prefiro os lugares com "trocentas pessoas" mas pegar um metrô a noite no último vagão é diferente de qualquer coisa deliciosa que se faça no dia. É uma sensação meio doida e única de poder ser uma das únicas pessoas ali. E as vezes eu até fico em pé, mas prefiro me sentar para poder estender as pernas e cruzar os tornozelos, como sento na maioria das vezes, e observar. Meus fones de ouvido, como sempre sendo meus maiores parceiros, sempre jogados por dentro da blusa em alguma música aleatória no meio das 670 que se encontram gravadas no meu querido Ipod rosa pink que nunca me abandonou nos 3 anos de história que ele tem comigo, sempre participando fundamentalmente das trilhas sonoras das besteiras e das certezas que escrevo. 
Mas eu geralmente sento e observo até não poder mais, olho em volta mas não tomo conta da vida de ninguém, só observo o que aquele ser humano mais adiante é e o que representa. Tem menina que parece boneca e gordo nerd, senhoras que se arrumam de maneira assustadora e alguns roqueiros que é impossível não reparar nas camisetas de banda.... É bom olhar. E em cada coisa que digo aqui parece que estou dizendo mais alguma asneira minha, mas acho que faz parte de mim essas besteiras que saem das minhas longas observações aos seres humanos que me rodeiam em certas situações. Estou bem curtida da sensação de "tantos mas tão poucos", essa sensação meio forte meio fraca que as vezes fica me abatendo me fazendo só em locais entupidos de pessoas, em lugares abarrotados. Deve ser por isso que eu gosto  tanto assim de lugares cheios, entupidos de gente, eles transmitem algo em mim que me faz ter o que observar, me faz ter o que pensar melhor, apesar de estarem bem distantes de me completarem, de me anularem o sentimento de solidão. 
Só as vezes bate a lembrança, as lembranças, que mantenho guardadas em um pingente de colar. Baboseira minha não é? Talvez. Sou meio expert em falar baboseiras as vezes e acho que nem me importo mais se não entenderem o que eu falo. Eu não me entendo, por que hei de outras pessoas entenderem o que se passa comigo quando começo a "psicografar" o que escrevo? 
Olhe só, até sai do assunto do metrô. Até esqueci do que estava falando sobre o último vagão do metrô durante a noite...

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