The strength of innocence like children’s laughter.

Pendurou um grande mapa mundi no mural que ficava dentro daquele quarto com vista privilegiada para o mar e jogou todas as fotos que ali haviam anteriormente na cama e pegou um canetão preto. Empurrou todas as fotos para a ponta da espaçosa cama e com o canetão fez marcações no mapa, contando a partir do Meridiano de Greenwich. Alguns pontos distribuídos à leste, nordeste, norte, noroeste, oeste, sudoeste, sul e à sudeste. Finalizou todos seus pontos colocando um ponto onde ela estava e de seu ponto de localização fez tracejados e pontilhados até todos os pontos estarem conectados de alguma maneira. Fez todos os tracejados de lápis e quando sentiu que estavam bons o suficiente, passou-os a caneta.
Uruguai, Argentina, Chile, Colômbia, Panamá, Barbados, Nicarágua, Belize, EUA, Canadá, Irlanda, Reino Unido, Dinamarca, Noruega, Suécia, Finlândia, Lituánia, Polônia, Ucrânia, Rússia, Mongólia, China, Coréias, Japão, Hong Kong, Filipinas, Indonésia, Austrália, Cingapura, Maldivas, Bangladesh, Índia, Líbano, Turquia,  Grécia, Bulgária, Sérvia, Romênia, Hungria, Áustria, Alemanha, Suíça, Itália, Mônaco, Liechtenstein, Luxemburgo, Bélgica, França, Marrocos, Malta, Egito, Guiné, Costa do Marfim, Tanzânia, Botsuana, Madagascar e seu último ponto era na África do Sul. E após marcar os mais de 55 pontos que desejava ir e tracejar a rota que faria, jogou-se na cama e o canetão à seu lado e pegou as fotos que se encontravam anteriormente em seu mural. 
Amigos? Tantos assim? Como podia sendo que lhe disseram que temos sorte se tivermos no máximo dois bons amigos ao longo de nossa vida? Muitas daquelas pessoas nunca mais vira por perto, nem por telefone, email, Facebook, nada... Simplesmente puft! Sumiram e nada mais de notícias. Então por que ela ainda mantinha aquelas fotos? Por que elas ainda estavam lá? Ok, haviam algumas pessoas ali que ela procurava, que lhe procuravam e ela sabia que essas sim valia a pena guardar a recordação acima de sua cabeça enquanto dormia. Mas e os outros? Os outros eram apenas outros. Não lhe parabenizaram e nem parabenizariam pelas conquistas ou pelas localidades que já chegara... Aqueles estiveram presentes naquele momento e nada mais, nunca mais lhe deram notícias e agora ela já crescera, estava distante destes e tinha novos planos em mente...
Sem revoltas, remorsos ou dores, pegou as fotos dos que sumiram em um estalar de dedos e empilhou-as. Deu-lhes um beijo de adeus na ponta e colocou-as em uma caixa junto de outras várias memórias, de outras várias lembranças. Assim, pegou a câmera, o carregador de pilhas, a mala e um papel com todos os lugares que pretendia visitar e decidiu: Ao final do ano, viajarei!

Ela estava no mês de Julho....

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