My vision has gone and my mouth is full of sores

Jogou o corpo furiosamente na cama, enterrando o rosto no travesseiro gritando enquanto algumas lágrimas lhe fugiam os olhos, deixando-os vermelhos e inchados. A casa estava vazia e só havia ela ali em sua crise humana e existencial. 
Ligou o aleatório de seu MediaPlayer em alguma música de screamo no volume máximo e desatou a chorar. Chorou, soluçou, gritou, chorou e solucou enquanto arremessava com força pelo quarto os vários bichinhos de pelúcia que haviam em uma prateleira acima de sua mesinha de canto. Era um modo aparentemente bom para exteriorizar toda raiva que estava sentindo naquele momento. Suas dores acumuladasem sua garganta, todas funcionando como um bolo de engrenagens enferrujadas e pontiagudas. Afiadas e cortando conforme rodavam, se encaixando e machucando. Todas lhe enforcando simultaneamente e lhe abrindo a garganta. Quase podia dizer que se engasgaria com os próprios sentimentos e sensações. Desistira há muito tempo de tentar sentir, de tentar verbalizar todos seus pensamentos e sentimentos já que a maioria das pessoas iria dizer que não lhe compreendia. 
Ela não era uma alma incompreendida, era apenas uma pessoa que exigia melhoras consigo mesma e que não vinha conseguindo tais melhoras desde quando vinha tentando tal feiito, que não era pouco tempo. Pra ela, era quase como se ela nunca estivesse sendo boa o suficiente até mesmo para o espaço que ocupava no planeta, ela se sentia apenas um ser que estava lá pra preencher espaço no meio das 7 bilhões de pessoas que habitam o mundo. Não possuía função específica, não possuía nada que lhe acrescentasse algo de mais. 

Sonhos? 
Tinha, com certeza. 
Mas por mais que tentasse nunca se sentia competente o suficiente para realizá-los. 

Parou de jogar os bichinhos e puxou o maior deles para abraçá-lo com força, sufocando o panda de 1m de altura enquanto lágrimas fugiam de seus olhos, insistentemente. Ela só tinha uma coisa a declarar para si mesma: ela tinha falhado, mais uma vez.

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