Hey kid, do i have your attention?

Estendeu a mão com doçura, aquela melodia gótica tocando ao fundo e o vestido vermelho escuro na altura dos joelhos reluzindo conforme a luz lhe acertava delicadamente. Os olhos negros quase cobertos pela máscara branca e negra e que lhe deixava os lábios vermelhos destacados na pele branca. Os cabelos escuros caindo em cascata, com um dos lados preso, pelas costas conforme rodavam por aquele salão tão imenso e tão cheio de pessoas. 
O rapaz. Com seus cabelos acastanhados jogados sobre os olhos com uma máscara negra lhe cobrindo os olhos e o terno negro com uma gravata vermelha, uma aparência almejável mas com olhos unicamente encantados pela dama que cruzara o salão minutos anteriormente. Sabia que já a tinha a visto em outra ocasião, os olhos não lhe eram estranhos e o rosto também  não. Mas não conseguia se recordar quem era. Apenas tinha certeza de que dançaria pelo menos uma música com aquela dama que ele não se recordara quem era.
A moça segurou sua mão e ele os aproximou, deixando uma distância quase mínima entre ambos, ainda em silêncio. E começaram a valsar. Um, dois, três, quatro e um outro passo. O que era para ser uma música, apenas, tornou-se várias e várias danças seguidas e algumas taças de champagne. A voz deveria fazer com que ele se lembrasse, mas provavelmente o alcool subindo em seu sangue lhe impedia de conseguir reconhecê-la, o que fazia com que ele soubesse apenas que ela tinha uma voz no mínimo extremamente melodiosa e suave.
A conversa era agradável apesar de ela parecer não dar bola para o que ele dizia em momento algum. Parecia mais concentrada em qualquer outro lugar do salão do que nele. Aproximou sua cadeira e segurou-lhe a mão, dando um beijo na mesma. A moça não estava exatamente muito incomodada com a atitude, apenas surpresa o que fez com que o rapaz subisse com os beijos pelo braço, ombro, pescoço e rosto da mesma até atingir os lábios dela que possuiam o gosto de champagne misturado com um gosto adocicado de cereja em conserva. Ela sorriu e ele acreditou por um instante que ela tivesse se encantado tanto quanto ele com a ocasião e a pessoa com quem lhe dirigia a palavra. 
O rapaz passou mais alguns instantes admirando a moça e então ela pediu-lhe um tempo e ele cedeu. Esperou e esperou e pareceu passar uma eternidade e provavelmente tinha sido a eternidade que tinha passado. Era quase amor que ele sentira naquela hora e havia se passado uma hora desde que ela saíra de lá. Levantou-se e foi procurá-la e encontrou-a sem muito esforço, bastou levantar-se que encontrou-a. 
Ela estava nos braços de outro rapaz, dançando tão encantadoramente quanto estivera dançando nos braços dele. Abraçando-o tão encantadoramente quanto o estivera abraçando. Pôde vê-la beijando o tal rapaz tão docemente quanto lhe beijava e foi capaz de reconhecer quem era aquela misteriosa donzela que lhe largara ali sozinho por uma hora em uma cadeira, iludido de que ela voltaria. Era uma garota com o qual ele cruzava todos os dias nos corredores do antigo prédio de tijolos expostos e que ela sempre lhe sorria simpática mas que ele sempre fingira não existir por ela ser mais sincera do que a maioria das jovens com o qual convivia. E aquele rapaz que estava com ela, era um amigo que sempre lhe acompanhara...
O choque lhe bateu com força e ele pegou a rosa que tinha em seu bolso e largou na mesa onde a moça teoricamente ficaria. Estava desanimado e o choque lhe pegou com força, assim, preferiu apenas sair andando, para onde pudesse ter um tempo para pensar sobre o que possivelmente foi o único momento de sua vida até aquele dia em que sentiu algo semelhante a amor...

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