In a sky full of people, only some want to fly, Isn't that crazy?

E todos esses sonhos que ficam lhe martelando os neurônios enquanto a brisa gelada de uma noite qualquer de meio de outono lhe atinge os braços, fazendo com que ela visse que o cardigã não era o suficiente para se aquecer naquela noite. O parque no píer era a coisa mais linda que havia naquela cidade durante a noite fora as decorações de Natal que ocorriam uma vez ao ano. O parque não, era o ano todo, durante todas as noites, mesmo no inverno quando os brinquedos não funcionavam as luzes estavam ligadas e aquilo dava um toque de vida às noites infelizes e monótonas.
Estava sozinha mas observava cada um que passava perto. Em maioria eram casais e poucos pais e mães solteiros com seus filhos e na fila da roda-gigante, que era o brinquedo que mais chamava atenção em todo o local com suas luzes alternadas em cinco cores diferentes que dançavam e rodopiavam nas hastes que sustentavam a enorme roda no centro, praticamente só haviam casais e ela tirava o cabelo do olho e observava o brinquedo de longe ansiando ir. Mas como iria? Sozinha? Nãããão. De maneira nenhuma iria sozinha... Roda-gigante não é brinquedo pra se ir sozinha. 
Esperaria outro dia, outra noite, quando não estivesse à sós consigo mesma. Quando tivesse companhia poderia ir e sentir-se um pouco menos deslocada. 
Respirou fundo e virou-se para onde teoricamente seria a saída do parque e se deparou com aquele sorriso conhecido, aquele sorrido que ao mesmo em que lhe acalmava lhe devastava os pensamentos. Sorriu divertida de volta vendo que provavelmente já deveriam haver alguns segundos -- ou até mesmo minutos -- que ele a havia encontrado. Se aproximaram e se abraçaram. Há tanto tempo não se viam e este reencontro repentino era motivo de alegria mútua. Ao se separarem, o rapaz estendeu-lhe a mão e logo depois ela compreendeu o que ele queria insinuar com o gesto. 
-- Vem?
Demorou um pouco para lhe segurar a mão, mas logo que ouviu a voz dele, não havia porquê não ir...

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