I thought I could fly, so why did I drown?

Já haviam dito tantas e tantas vezes que por ela ser uma garota, uma moça.... Não, não uma moça. Por ela ser uma mulher de classe, ela nunca deveria correr atrás de um homem, ela nunca deveria estar saindo em disparada em uma noite estrelada e com previsão de chuva para encontrar o cara que possívelmente fosse o amor de sua vida antes que ele partisse para outro país para viver em um outro lugar distante por tempo indeterminado...
Tanta loucura por tão pouco tempo. Lembrava-se perfeitamente de como se conheceram. Um dia qualquer no serviço em que se cruzaram vendo que trabalhavam no mesmo prédio mas em pontas opostas do corredor. E ela se lembrava perfeitamente que aquele sorriso tinha lhe conquistado loucamente desde a primeira vez que ela o vira. Suspirou fundo e parou por um instante para lembrar-se do detalhe que botas de camurça não foram feitas para correr em terreno e lugar nenhum. O jeans colado não colaborava muito também mas era algo tolerável até e o moletom até que se encontrava perfeito para a ocasião. O problema era o cachecol e o gorro querendo voar e ela ter que enfiá-lo ao máximo e da maneira mais desajeitada o possível em sua cabeça para que não o perdesse já que era seu favorito. 
E quando saíram juntos pela primeira vez, como amigos? Uma de suas melhores lembranças daquele rapaz meses mais velho que si e que tinha traços tão adultos que encantava todas que conheciam... Ele tinha sido extremamente cavalheiro lhe pagando um café e um macaron, fazendo-lhe rir com piadas bobas e infantis. E lembrava também que em um outro dia. Quando chovia aos montes e ela estava de galochas esperando um taxi para ir para casa, ele chegou com um guarda-chuva transparente e a puxou para de baixo do guarda chuva e dançaram sobre o mesmo, rodando, rodando e rodando até ficarem tontos... Rindo como bobos em baixo da chuva em um proximidade perigosa que rendeu-lhes um beijo e nunca mais...
Agora era ela ali, sozinha, correndo como louca por entre as pessoas para encontrá-lo antes que ele partisse e ela nunca mais o visse. Pelo menos não por um bom longo tempo. Respirou fundo e chegou na plataforma da estação de trem que era aberta nas laterais e estava começando a chover torrencialmente quando as portas do trem estavam se fechando e o rapaz acomodava-se na cadeira do trem com os headphones preto e laranja pendurados no pescoço como de costume. A moça parou e tirou uma mecha teimosa da frente do olho e logo ficou apenas a observá-lo partir, apenas vendo-o longe de si enquanto ela dava meia volta e ia voltando para casa caminhando na chuva torrencial que vinha a cair naquele momento.
Tudo exatamente como seu primeiro beijo. Mas desta vez, ela estava sozinha...

Comentários

  1. Espero que ela tenha levado dinheiro suficiente para uma passagem e também o cartão de crédito, pois acho que ela terá de tomar o próximo trem (:

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