I don't want the world to see me 'cuz i don't think they'll understand

Os lençóis bagunçados de qualquer jeito, da maneira mais desleixada o possível, e os braços estendidos de qualquer jeito na intenção de relaxá-los depois de várias horas de nervoso seguido...
Tinha adormecido nos braços de quem sonhava adormecer e agora estava vestida com a camisa de algodão listrado, sem nem abrir os olhos decentemente e com os cabelos todos jogados na cama de qualquer jeito. Embaraçados, desmazelados(...) Desleixo era a palavras que mais se adequava corretamente ao estado da moça de longos cabelos brilhantes e em um tom que não se era possível diferenciar se era loira ou ruiva e era um estado em que as pessoas que lhe conheciam não conheciam. Era um estado em que ela nunca se permitira aparecer em público já que vivia sempre impecávelmente perfeita e elegantemente arrumada. Ela era um manequim e nem tinha muita certeza disso até sentar-se de qualquer jeito na cama desarrumada e dar-se de cara com seu reflexo deleixado na janela de persianas erguidas, fazendo-a erguer uma sobrancelha sem entender muito o que se passava consigo naquele instante.
Seria muito cansaço? Relaxamento? Ou um simples descuido por se encontrar na casa de um velho amigo com quem há muito tempo não falava mas que naquela noite adormecera aconchegada no peito dele com a camisa dele? Era confiança demais em uma pessoa só, coisa que ela não deveria ter já que havia um bom tempo que não se falavam, mas quando se falavam tinham tanto contato, eram tão juntos. O que havia acontecido?
Será que tinha sido porque ele tinha começado a namorar com uma moça que ela não gostava? Ou foi porque eles não tinham mais tempo um para o outro? Ou até mesmo porque eles não tinham mais as mesmas afinidades que tinham antes?
Estranha a última hipótese já que na noite anterior não terminaram de falar, não pararam. Falaram, falaram, falaram.... falaram e se lembraram do quanto a companhia um do outro era boa. E ali estavam eles na manhã seguinte: ela deitada confusa e desleixada na cama larga de solteiro do rapaz que morava sozinho e ele com uma calça de moletom encostado no batente sorrindo, de braços estendidos, aguardando que ela viesse à seu abraço enquanto ela -- obviamente sem que ele soubesse -- tinha borboletas correndo e voando em revolução em seu estômago, sem saber se deveria ir na direção do velho amigo e corresponder-lhe o abraço, ou se ficava ali. 
Simplesmente ali.

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