Emotionless

Tinha decidido desistir de tudo. Desistido de tentar, desistido de provar ao mundo e a si mesma que havia alguma esperança de que as coisas poderiam prosseguir bem melhores do que prosseguiam naquele momento. Estava afogada em si mesma, de que custava afogar o resto? Não custava nada, seria simples terminar de afogar o que ainda sobrava em si? De anos para cá, tudo parecia vir desmoronando em suas costas e em sua cabeça e ela continuava ostentando o sorriso lindo e branco no qual muitos acreditavam e que ajudava a segurar as lágrimas até que ela pudesse estar completamente solitária em seu mundo, para logo depois soltá-las. Sentindo a dor quente escorrer por seus olhos e sentindo-se cada vez mais dilacerada do que antes. O espelho do quarto estava quebrado, tinha dito pra mãe que era poque estava jogando uma bolinha e então a bolinha atingiu o espelho com mais força do que deveria e por isso este estava despedaçado. Mas era pura mentira, óbviamente. Ela que tinha quebrado, tinha esmurrado com tanta força que este tinha se partido em milhares de fragmentos, deixando apenas a borda inteira e diversos cortes superficiais em sua mão, mas isso era facilmente concertável....
Mas não tinha mais esperanças do que as coisas pudessem ir melhores a partir de então. Esperou a água subir, se atou de todas as maneiras o possível, viu a água cobrir seus membros, seu rosto, seu nariz e logo menos cobrir sua respiração e logo se debateu com força, se retorceu, o corpo umideceu demais. Sentiu a agonia, sentiu o medo, sentiu a agitação, quis gritar.....
E quando viu já tinha acabado e nem ao menos doeu tanto quanto parecia que doeria e quando acabou mesmo, pareceu a melhor ideia que já tivera em toda sua curta e intensamente forte vida...

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