Além do Ponto (Caio F Abreu)

Estava de noite, bem noite mesmo. Eu estava lá e pelo o que eu ficava sabendo, sextas à noite você estava sempre em casa, vendo filmes de terror ou de ação e comendo aquelas balas de jujuba colorida. Queria ter uma garrafa de vinho barato sobre o braço pra relembrar os velhos tempos, aquela amizade que todo mero mortal pensa que é namoro mas na realidade não é. É simplesmente mais uma amizade que não chega nem a ser colorida. É só mais uma amizade de "parceiros" de sexos diferentes. Então é outono e está frio agora à noite e eu estou parada, me sentindo embasbacada por estar em pé aqui sem fazer nada. Já comecei a beber os 600ml de CocaCola que está em minhas mãos porque o vinho barato vamos ter que comprar mais tarde. 
E dei um toque e nada. Dei um segundo toque e também nada. Terceiro, quarto e quinto, tudo a mesma coisa, nada. Tinha dito que eu poderia aparecer o dia que quisesse para relembrar nossa amizade boba e nada colorida. Não são muitas que eu sei conservar por tanto tempo, então agora, retomar não me parecia tão má ideia. E pqp, agora parece que vai chover e isso é uma droga e estou sem guarda-chuva, só tenho o capuz do casaco que não ajuda em nada e pra ser bem honesta, nem estou me importando com o cabelo que eu aliso direto. Mas sei lá, eu sei que foi do nada e que os nós dos meus dedos estão começando a doer de tanto que to batendo nessa bendita porta, mas é que eu queria muito retomar um pouco do que fomos há 10 anos atrás.
Nós dois sempre soubemos que por mais afastados, sempre estivemos juntos e assim caminhou até hoje. Mas decidi que desistiria, você não iria abrir mesmo aquela pesada porta de madeira, então me virei para ir, dei um passo pela soleira e coloquei o capuz pelo sereno fino e então vi você.
Tinha uma garrafa de vinho barato em mãos e sorria abertamente do jeito que não via-te sorrir faz tempo, nos abraçamos e entramos e depois de muito tempo finalmente senti os velhos voltarem para nós....

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