Chronicle of a subway station

A garota loira sentada no banco de uma estação de metrô, vendo pessoas passarem sentia lágrimas fugirem irritantes e quentes de seus olhos. O namorado tinha acabado de terminar com ela, triste até o momento em que seus olhos pararam de vagar pelas pessoas que passavam para focar em um rapaz novo de óculos de sol naquele dia chuvoso que parou a sua frente, sorrindo e lhe estendendo um lenço de papel, que ela aceitou. Ele continuou sorrindo simpático e simplesmente disse "Uma moça tão linda não deveria estar chorando, não combina com toda sua beleza" e saiu andando, se misturando com a multidão que saía do metrô que acabara de chegar. A garota corou e sorriu, passou o lenço no olho limpando as lágrimas e a maquiagem borrada, levantou-se e tentou procurar o rapaz que lhe dera o lenço. Tarde de mais, ele já estava dentro do vagão. Mas ela não derrubara mais nenhuma lágrima naquele dia...
O rapaz de óculos de sol já estava apoiado no balaústre do vagão, próximo à porta. Estava indo ver a irmã mais nova doente no hospital e tinha decidido ir de metrô para poder passar na floricultura da idosa que sua irmã adorava as rosas de lá. A menina de 15 anos tinha uma doença terminal e sorria muito sempre que o irmão mais velho lhe trazia suas flores favoritas. O vaso ao lado da cama do hospital estava cheio de rosas coloridas que o rapaz de 23 anos lhe trazia sempre que podia. E naquele dia ele queria levar rosas amarelas, era diferente e ele sabia que a caçula iria gostar. Sorriu e pensou na estranha que vira há pouco. Era linda, mas era apenas uma estranha, já que seu coração já tinha dona. Uma dona que estava bem distante dele nos último 8 meses...
A mulher de terninho preto que estava ao lado do rapaz de óculos de sol estava olhando o relógio dourado sem parar, o dia parecia conspirar contra ela. Tinha combinado que iria jantar com os pais e o noivo naquela noite mas o carro quebrara pouco depois de sair do trabalho, na  hora que a chuva havia começado, e felizmente ao lado do mecânico tinha o metrô e ela estava na quinta de oito estações que tinha de pegar. Aquele jantar era importante porque esteve por muito tempo trabalhando o tempo todo e não podia ver os pais com muita frequência e dois dias antes o noivo tinha lhe pedido em casamento e no dia anterior àquela conspiração, ela tinha recebido uma promoção no trabalho. Mas devido à chuva forte e à pressa, sentia que o metrô estava muito lento, mas não poderia sair e se molhar toda. Aquilo poderia ser uma conspiração, mas as coisas tendiam a piorar, ou melhorar, quem sabe?
Conseguiu chegar na estação mas viu que estava sem dinheiro para pegar um taxi, e ainda chovia e seu noivo não poderia pegá-la tão cedo. Andou de um lado para o outro, resmungando baixo e logo um homem, que parecia bem mais velho que ela mas ainda sim se vestia e se mostrava impecávelmente, perguntou-lhe o que acontecia e por mais que ela não quisesse explicar o que acontecera, ele simplesmente lhe conduziu até o primeiro taxi da estação e se ofereceu a pagar o transporte, independente do orgulho que a mulher sentia. Deu-lhe uma quantia que era suficiente para rodar até o ponto mais extremo da cidade. A mulher agradeceu de coração e logo entrou no taxi, podendo ir para casa a tempo de preparar tudo. Enquanto o homem ia em direção a estação, em busca de sua neta desaparecida desde mais cedo. 
Avistou a garota loira e logo a chamou, esta sorriu mais contente e guardou o lenço que o rapaz desconhecido lhe dera no bolso e  foi em direção ao avô. Abraçaram-se e foram para casa e a menina desistira de tentar fugir para esquecer o términio. Descobrira que não valia chorar por alguém que lhe magoara tanto...

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