Now here I sing my deadly lullaby

Nunca foi muito de seu feitio sentar e choramingar lamentando-se por um amor que não foi, por um sorriso que não foi dado ou por um beijo -- daqueles bem de cinema -- que não foi trocado. Sempre sentou-se no sofá enrolada à cobertas e planejou dias, semanas, minutos(...) sempre muito imaginativa escrevia palavras que muitos confundiam com realidade na mente de muitos e que na maioria das vezes acabam sendo difusas. Mesmo de coração partido continuava escrevendo palavras que costumavam sair com maior fluência. A camisa xadrez velha que o pai tinha lhe dado há alguns anos ainda a acompanhava em suas noites solitárias, quando ela de jeans, camiseta e a camisa de flanela xadrez sentava-se em sua cama, enrolada no cobertor comendo doce e via filmes. Não era do tipo clichê que fazia isso por estar triste, fazia isso por gosto, porque era assim que encontrava conforto para si em qualquer ocasião que pudesse dizer que convinha fazer aquilo. O que lhe entregava o humor era os filmes que via. Quando estava bem, ou irritada, via filmes de terror, sangrentos massacres ou coisa do tipo. Quando estava no tédio, via os de ação porque apesar de tudo acreditava que eles passavam um pouco o tédio e quando estava magoada, via dramas, romances(...) coisas em geral que lhe faziam chorar porque isso parecia lhe acalmar um pouco, parecia gastar um pouco sua infelicidade. Quando ia dormir, dormia ouvindo alguma música alta e ignorava se alguém se incomodaria já que não costumava ser incômodo para nenhum vizinho nem nada do tipo. 
Naquela noite em especial, dormira cedo porque não estava achando algo que utilizasse sua atenção para que permanecesse acordada. Quando era quase o meio da madrugada acordou solitária e não conseguia pregar os olhos então foi em direção à janela, quase que um santuário em dedicatória à sua imaginação. Chovia torrencialmente naquela madrugada que o céu parecia incrivelmente belo e algo lhe trazia boas sensações naquela situação tão simples...
Pegou a lapiseira e seu caderno de rascunhos, fechou os olhos por um instante e escreveu. Escreveu tanto que quando parou era quase amanhecer. Deitou-se novamente e fechou os olhos, vendo que desde que começara a sentir que o mundo estava desmoronando sobre sua cabeça, muito tempo antes, nunca tivera uma noite tão calma quanto aquela...

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