Cause lovers dance when they're feeling in love


Frio e sol, um dia nem tão bom para sair, mas necessário por ser o único dia em que ficariam sozinhos durante aquele mês. Depois que os pais descobriram sobre o relacionamento dos dois que a princípio, há aproximadamente cinco anos atrás, não era nada. A proximidade demasiada dos dois e algumas coisas mais que ainda não compreendiam bem o que as causaram, mas o menor sabia que tinha algo errado desde o início, aquelas borboletas no estômago que nunca sentiu por ninguém, aquelas que o fizeram descobrir o quanto seus sentimentos vinham sendo fortes.  O maior tinha noção também de que algo estava errado, de que algo dentro daquela amizade vinha lhe mexendo muito com os sentimentos, mas mexendo de um jeito que ele não dimensionava, de um jeito que ele não compreendia porque nunca tinha lhe acontecido nada similar, em nenhuma das outras poucas vezes que ele havia sentido algo que se assemelhava distantemente ao amor.
Se encontravam as escondidas, devido à frequência constante dos encontros, e passavam horas e horas juntos, dizendo que estavam na casa de amigos. Conversavam e conversavam por muitos instantes que lhe pareciam eternidades e essas eternidades eram boa. Por um acaso, em uma dessas eternidades ocorreu. De noite, muito vinho barato, o sangue quente e o coração palpitando com a sensação de algo diferente, muita música alta e a cabeça rodando com risadas compulsivas. Aconteceu, simplesmente aconteceu. Um beijo que acabou sendo mais que um beijo, foi o melhor mix de sensações de suas vidas e isso lhes causou um formigamento delicioso e as famosas borboletas no estômago que fizeram surgir aquela vontade louca de se verem, sempre que possível. E assim fizeram...
Um dia, por um infeliz acaso, a irmã mais nova do menor, inocentemente, contara aos pais o que vira: os dois debaixo de uma árvore em frente ao lago, uma área bem isolada e escondida do maior parque da cidade, abraçados e trocando alguns beijos consideravelmente apaixonados. Era o momento mais romântico da vida de ambos até aquele dia e eles estavam aproveitando da melhor maneira o possível... Os pais proibiram que se vissem, o pai do maior nem acreditava que o filho fosse apaixonado por outro garoto, para ele, ter alguém um filho homossexual era algo impensável.
Depois de brigas e discussões na casa de ambos, começaram a nunca poder saírem sozinhos para lugar nenhum. E esse caso foi um caso a parte... A mãe do mais velho teve de ir visitar sua avó repentinamente e os pais do mais novo tiveram uma conferência fora da cidade, o que acarretou dos dois garotos poderem passar algum tempo juntos sem que os pais interrompessem algo. Combinaram e se encontraram naquela mesma árvore em que sempre estavam e desta vez o mais novo tinha levado um canivete suíço no bolso, que logo depois de se abraçarem com vontade e trocarem um curto beijo apaixonado, subiu até um dos galhos mais altos da árvore e puxou seu amor consigo. Empunhou o canivete e talhou na árvore: R + A no galho mais alto de todos. O mais novo sorriu e trocaram um rápido beijo, distraindo-se e em um passo em falso, o mais novo escorregou até o galho de baixo e o outro preocupou-se e desceu rapidamente indo ver se o seu amado estava bem.
Este sorriu e o abraçou, puxando-o para caírem da árvore nem tão alta em um monte de folhas secas, que lhe amorteceram a queda enquanto os dois riam gostosamente e o mais velho resmungava, rindo, com o namorado. O outro simplesmente lhe puxou para um abraço e lhe beijou apaixonado por um instante e quando se separaram, este disse sorrindo bobo:

“Eu te amo, não se esqueça disso, nunca...”
         
E eles sabiam que nada lhes impediria de serem felizes juntos, por mais  que seus pais e seja lá quem mais não gostasse disso, eles estariam juntos, independente de tudo...

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