- random #8


Me apaixonei de novo. Encontrei o amor da minha vida em uma esquina trocando olhares comigo com a camiseta de uma banda que eu gostava enquanto eu ouvia uma música supostamente romântica da mesma banda que o bendito estranho. Ele tinha a aparência ideal e por ser um estranho que me encantou por acaso, eu não sabia se ele era boa pessoa, a história que tinha, a idade (apesar de conseguir traçar uma possível idade pelos traços, que ainda costumam enganar), de onde vinha... Nunca que eu saberia algo sobre aquele estranho da mesma maneira que ele nunca saberia nada de mim, da mesma maneira que eu não ouviria o barulho da avenida ao meu lado pela distração e pelo fato de meus ouvidos estarem ambos tampados em um volume consideravelmente alto por meus fones de ouvido, que se escondiam entre meu cabelo e por dentro de minha camiseta.
E vi que me apaixonaria quase todas as semanas por um estranho. Ele desembarcaria na estação seguinte ou dali à duas estações, ou permaneceria no ônibus quando eu descesse em um ponto que me levaria à meu destino. Mas eu me apaixonaria, ele teria algo que me prendeu a atenção e me fez olhar para seus traços, além da primeira olhada em sua camiseta, e eu poderia passar uma vida o admirando. Não iria mais além, não me aproximaria nem nada, simplesmente iria ter minha atenção presa por alguns dias e talvez ele acabasse retribuindo o olhar à meu rosto ou ao meu livro em mãos, e meu romance acabaria ali. E ainda teria sido melhor que romances vividos que duraram meses e que eu me arremessava de cabeça neles. Eram romances instantâneos que valiam cada instante vivido e eu não me arrependeria daquilo, nunca.
Encontrei um outro amor da minha vida, numa outra semana e ele era diferente desse último.
Ele era alto e magro, como todos meus amores, e tinha cabelos escuros curtos e um meio sorriso que encantaria à qualquer um que tivesse alguma atração por meio-sorrisos que deixam 1/4 de dente aparecendo apenas entre os lábios que contornavam-os de maneira maravilhosa. Acho que esse deve ter reparado da minha atração, tornou-se à mim e apareceu mais que o 1/4 de dentes, acho que chegou à metade. E eu me encantei e correspondi. Eram dois meio-sorrisos se encarando pelo exato período de uma volta em um metrô lento entre a Vila Mariana e a Praça da Árvore, onde ele desembarcou. Estava naquele calor maldito de horário de almoço no verão e no abafado de um vagão lotado, mas ainda acabou acontecendo aquela troca de sorrisos. E ele desembarcou, e sem nada dito, ouvido ou qualquer som que fosse emitido, foi bom se apaixonar naquela faixa de no máximo 5 minutos.
E era de verdade um fato, eu me apaixonaria por alguns instantes e depois voltaria aos meus pensamentos, nem sempre completos em nexo, mas sempre estaria de volta aos meus pensamentos e à musica que estivesse sendo emitida dos meus fones de ouvido até encontrar alguém que me prendesse a atenção da maneira que estes prendiam....

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