Oh my time is up, I know you're gonna hang me

Bruxas! Hereges! Anti-cristo! Anti Deus! Pecadoras!
Gritavam, empurravam-na para a forca enquanto sua irmã era empurrada em direção à pira onde seria acesa a fogueira. A mãe das duas moças de 18 anos já não pertencia à este mundo, a cabeça carbonizada estava espetada de qualquer jeito em uma das milhares de lanças que cercavam a pequena vila. Era capaz dizer que  o pai era um pobre lenhador coitado que fugira assim que tivera chance depois que começaram a acusar as irmãs e as mães de serem "hereges filhas de Satã".
Afirmavam que eram bruxas controladoras de fogo, mas os aldeões estavam com  tochas e ancinhos, e tentavam queimar as casas de madeira e de pura palha. Aquela vila era um ponto ótimo para se fazer uma fogueira para sinal de fumaça de tanto material inflamável que havia lá.
A irmã que era levada à forca, debatia-se gritando pela irmã que estava amordaçada e era levada à pira para ser carbonizada, exatamente como a mãe fora, e que se debatia, mesmo estando completamente amarrada e os aldeões gritarem irritados
Bruxa! Herege! Pecadora!
Gritavam cada vez mais, mas a garota não desistia de cair das mãos traidores dos que lhe carregavam acima das cabeças, mesmo sabendo que a morte vinha se aproximando de si cada vez mais. Sorrateira, silenciosa e de braços estendidos, sorrindo e dizendo "Olá" de trás da pira em seu manto negro. Os cabelos loiros e longos também estavam amarrados e apenas as pontas roçavam em suas mãos atadas. Prenderam a jovem à pira e a acenderam enquanto a mesma se debatia. O jovem noivo veio correndo na tentativa de buscar a amada, mas empurram-no na fogueira, fazendo-o gritar do fogo que lhe consumia os mais mínimos pedaços de carne e tecidos existentes naquele ser. A moça estava em cima da pira, começou a soar e gritar ainda mais desesperada vendo os tecidos de suas vestes serem consumidas pelo calor enquanto sua pele se principiava à ser destruída também. 
A irmã observava a cena e chorava em desespero. Via o corpo da gêmea se consumir no meio das altas labaredas e gritou cada vez mais, em pânico profundo defronte ao que via naquela hora. 
Enquanto ainda podia ouvir os gritos de sua irmã se calando pelos fins de vida que que a mesma tentava se apegar, os aldeões tornaram-se à outra que aguardava a realização de sentença, recebendo tapas e mais tapas, sendo esbofeteada a cada vez que se debatia para fugir. Amarram-lhe mais ainda e a levaram para o palanque onde a forca se localizava. Um padre subiu à seu lado, pronunciou a sentença e perguntou se a moça tinha algo a dizer e ela simplesmente afirmou com a cabeça, recebendo permissão para falar logo após a corda ter sido posta, frouxa, em seu pescoço.
Pecadores! Queimarão no inferno no colo de Satã e pagarão por tudo o que fizeram à minha e à minha família e à todas as outras famílias que foram desestruturadas e destruídas por esta doença de nome "Deus"!
E se calou. Apertaram a corda com força logo em seguida e soltaram o chão falso, fazendo-a cair e falecer diante de todos, enquanto os mesmos comemoravam por terem matado a "bruxa" sem perceberem que a pira ainda queimava com os dois corpos se deteriorando ali em meio às chamas e que labaredas se proliferavam nas casas de madeira e queimavam à tudo e à todos que estavam no meio daquela densa floresta e naquele vilarejo esquecido por Deus...

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