Did I said that I need you? Did I said that I want you?


Era o terceiro espelho que eu quebrava essa semana com meu punho e mamãe e papai já estavam preocupados. Prometeram que me levariam no psiquiatra porque, segundo eles, eu estava em um estágio de que fosse o que fosse que estivesse me afetando, estava afetando meu psicológico à ponto de fragilizar meu corpo. No total eu já tinha quebrado doze espelhos de diversos tamanhos diferentes e meus pais disseram que protegeriam os espelhos de mim. Que bom.
Tudo o que eu queria era não ter mais espelhos perto de mim que eu me sentiria compulsiva à esfarelá-los de volta à sua forma original. Não suportava encarar minha imagem. Eu me odiava externamente e consequentemente isso fazia com que eu me odiasse internamente. Não via nada de bom na minha aparência há muito tempo. Por alguma razão estranha eu estava emagrecendo de maneira exageradamente rápida. Via as meninas da minha idade querendo emagrecer porque se sentiam gordas e eu vinha perdendo quilos e quilos com o passar dos meses e me sentia horrível por isso. Consequentemente, via minha imagem e algum espelho e principiava à um choro que me doía as entranhas. O primeiro espelho que quebrei usei uma cadeira e destrocei o espelho no chão. Alguns cacos entraram no meu pé mas por alguma razão não doeram, mas mamãe viu e teve que me levar ao médico para retirá-los e bem verdade, doeu mais a retirada do que quando entraram.


SEIS MESES DEPOIS
Tentei engordar e nada aconteceu. Só emagreci mais e isso me fez entrar em uma profunda crise que o psiquiatra disse que era depressão. Nos últimos cinco meses de consulta ele afirmou que alguma coisa tinha feito com que eu me estressasse à níveis absurdos e meu estômago passasse a rejeitar alimento, apenas os mais necessários para que meu corpo se mantesse funcionando decentemente e que enquanto eu não superasse essa tal coisa que estava me estressando eu não resolveria meu problema. E segundo ele esse meu desespero para engordar novamente me causou algum estágio inical de depressão lá que eu nem sei qual é. 
E agora eu to aqui, sabe?
Ainda estou consciente, felizmente -- não sei --, tomando glicose diretamente na veia porque por alguma razão estranha tive um desmaio, mais um, que segundo o psiquiatra é efeito de estresse. Mas ainda não sei exatamente o que me causa esse estresse todo. Na realidade, estou tomano soro com glicose com os braços enfaixados em gaze. Muita gaze...
Tive uma crise nervosa e me cortei o braço inteiro. A intenção não era morrer, era só fazer a dor passar. O choro estava doendo muito, então decidi que se fosse para sentir dor ia sentir uma dor de verdade, paupável, e que eu podia fazer passar, independentemente como fosse. E não aquele choro sem cura que estava me consumindo internamente, me corroendo as entranhas e os pulmões sem fôlego para um grito, mesmo que sôfrego, para soltar qualquer coisa que me afligisse as emoções durante meus dias... 
Mas no fim dos cortes estou bem.


UM ANO E MEIO DEPOIS.
Não sei mais se estou bem. 
Acho que essa minha crise nervosa chegou à um ponto meio sem saída. Estou com a pele quase colada nos ossos de tão magra que estou e pálida. Nem sei se por acaso vou sair bem daqui. Nem consigo manter os olhos decentemente abertos e meus pais tão aqui do lado gritando meu nome e falando que eu não devo fechar os olhos e continuar com eles, mas eu quero dormir. Já me falaram que quando se está morrendo a sensação é essa, mas eu não quero. 
Sei que já me cortei os braços inteiros para que minhas dores internas provocadas pelos meus choros parassem, ou pelo menos fossem substituídas, mas nunca que eu decidi que queria morrer. Eu gostaria de poder dormir por muito tempo até que tudo isso passasse, mas não morrer porque ainda sou relativamente nova para deixar este mundo. 
Apesar do meu possível quadro de depressão não quero partir, só quero que essa dor acabe...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Crônica de Halloween

Oh, fuck it

Velho violinista