After so long...

Achou que tudo tivesse passado. Que todas as reações que um dia tivera ao observar o rapaz de cabelos claros já haviam se dissolvido no tempo que passara.
Um ano desde a ultima vez que se viram e parecia que nada havia mudado. Os traços ainda eram os mesmos. Ainda tinha aquele mesmo rosto anguloso com alguns traços suaves, aqueles ralos pêlos no projeto de barba que as vezes era cultivado em seu maxilar, prestes a contornar os lábios sempre rosados, que foram tantas vezes desejados pela moça. Os músculos
Foram os beijos, a maneira como os lábios se tocavam, como as mãos se emaranhavam nos fios de cabelo ou como deslizavam pelo corpo alheio, a maneira como as respirações se colidia e como o silêncio se compreendia por si só, que eles se bastavam.
Eram amantes não assumidos, tremelicavam na presença do outro, respiravam fundo quando os olhares se cruzavam, os estômagos se congelavam e as mãos suavam. Porém nunca supuseram que um dia estariam ali, novamente, frente à frente, exatamente com todas as sensações que um dia já tiveram.
Ambos achavam que já tinha passado tudo. Que todo sentimentos que tinham já haviam acabado, quando na verdade, aumentara.
Era uma ânsia de correrem até o o outro, de se abraçarem e pedirem desculpas por tudo que erraram, por toda mágoa, ferida ou tragedia
 que causaram ao outro e depois voltarem aos beijos, exatamente como estavam acostumados. Ela com as mãos nos cabelos dele, os dedos se emaranhando em pequenos nós devido à movimentação constante dos fios um pouco mais compridos. Ele com as mãos nas costas dela, se movendo para cima e para baixo, escorregando até o quadril e de volta aos ombros com a firmeza necessária para que a nuca dela se arrepiasse e ela se prendesse mais à ele.
Ah amor, pobres apaixonados, sonhando e achando que todo amor já se fora...
Tão inocentes à tal respeito. Bobos e sonhadores, achando que em um ano tudo se dissolveria, tudo seria desfeito e esvairia de suas mãos. Acreditando iludidamente que as tardes no sofá de casa, tomando chocolate quente com marshmellows ou café com chantilly, completamente emaranhados um ao outro, trocando beijos vez ou outra, com as mãos entrelaçadas ou que as noites no bar próximo à faculdade, onde se reuniam com os amigos para jogar conversa fora, rir e beber algumas cervejas direto da long neck abraçados.
Tempos bons que não voltam, que são relembrados com saudade e que se repassavam na mente dos dois jovens enquanto eles se entreolhavam e as pessoas passavam entre eles.
A moça aguentou, respirou fundo, engoliu as borboletas, as náuseas, as palavras, a emoção e tudo que tinha a ser engolido naquele instante e acenou educadamente de longe. Ele acenou de volta, sem jeito ou reação, abaixou a cabeça e continuou seguindo seu caminho e ela também. Não teriam de se cruzar para chegar à seus destinos, então tudo bem.
Os corações palpitaram, as borboletas ensandeceram-se, as palmas das mãos suaram e as respirações falharam.
Havia algo errado para continuar assim após um ano.
Mas o mais importante mudou: não foram na mesma direção para se encontrarem em um abraço.

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