But I know, all I know's that the end's beginning

Noite passada quando me apareceu à porta estava com o rosto inchado, parecia ter chorado e sua camiseta tinha algumas marcas molhadas devido ao princípio de chuva que caía. Nunca te vira assim. Você que sempre tinha muros à seu redor, sem emoção sempre e sem dor nenhuma, sempre formou pilares de sustentação à quem lhe pedia abrigo. Um dia lhe pedi e você me acolheu como uma velha amiga que há muito tempo não via, desde então lhe disse que estaria sempre aqui, quando precisasse de um ombro amigo.
Então você me veio. Mais de 22h e ali estava você como se tivesse chorado tudo o que tinha para chorar. Estava indefeso de uma maneira que eu nunca tinha visto e que eu duvidava que veria de novo.
Simplesmente perguntou se podia entrar e quando eu confirmei, antes que pudesse perguntar o que ocorrera, me abraçou como nunca tinha feito. Soltei-o por segundos para poder fechar a porta e então ele me abraçou de novo e continuou ali em silêncio abraçado a mim, como se isso fosse fazer o que quer que fosse que o atormentasse ir embora. Me partia o coração vê-lo assim então fiz o que pude para segurá-lo enquanto ele continuava em silêncio profundo. 
Levei-o para o sofá e sentei-me, deixando-o deitar a cabeça em uma almofada no meu colo enquanto eu lhe acariciava o cabelo curto e quase inexistente de tão baixo que ele raspara, dando uma sensação gostosa quando eu acariciava-o. Continuou em silêncio e um murmúrio baixo me invadiu os ouvidos. Ele tinha se irrompido em lágrimas e como sempre, eu não sabia lidar com pessoas chorando. Só restou me inclinar para abraçá-lo e esperar que ele se acalmasse ao menos um pouco. Parece que ele não queria chorar, e quanto mais continha lágrimas, mais novas lágrimas brotavam de seus olhos. 
"Pode chorar. Será nosso segredo esse" , murmurei em seu ouvido e ele parou de segurar as lágrimas e chorou em silêncio enquanto eu, inclinada, lhe abraçava.
Foi silencioso. Foi extremamente sincero.
Não sei por quanto tempo ficamos lá, mas sei que depois ele quis ligar o celular com alguma música calma de uma das milhões de playlists que ele tinha ali e ficamos por mais um tempo muito longo ali. E quando percebi ele já tinha adormecido e quando me dei conta, eu já estava adormecendo. Então me virei do jeito que pude, e deitei, com ele ainda em meu colo e adormeci. 
E sei que independentemente do tempo que tenhamos passado ali adormecidos, aquilo foi sincero. 
O mais sincero que um dia já houve...

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