Paint a memory

Tava lembrando aqui que eu gostava de pintar paredes e que queria fazer uma arte na parede da sua casa, do seu quarto. Um dia você disse que eu poderia pintar as paredes do seu quarto. Você faria o desenho e eu pintaria aquela sua parede branca e quase morta da janela. Não me passou nunca esse desenho e nunca telefonou mais. Lembro que um dia tu me disse que eu  era que nem lemos em um texto uma vez, num fim de tarde qualquer: "Eu sou acima de tudo. – acima de qualquer sentimento. – seu ponto de equilíbrio.Eu estou sendo agora, a pessoa que não deixa você se afundar em você mesma. Nessa areia movediças que você criou dentro de você. Eu sou aqueles troncos de árvore que não deixa você se afundar. Aquele tronco a qual você agarrou com força, tanta força que eu de tanto ver, resolvi me apegar. Se você se afundar, eu ia querer te ajudar a levantar, entendeu?". Ainda é verdade? Que nunca mais vi meu telefone tocar sendo você. Nunca mais ouvi um "Estou sentindo sua falta e preciso conversar contigo" e você sabe onde me encontrar, sempre soube. E esse desapego que parece que está praticando comigo? Foi algo que eu disse? Ou que eu não disse?
Ah, nem se importa com isso que eu to falando. Tenho crise de existência com frequência. Abro a porta enquanto eu fico pensando com um copo de isopor de café que engulo com velocidade o suficiente para que ele não esfrie devido ao vento frio. Só que então eu peguei o celular do bolso. Nada de você. Nenhuma mensagem, nenhuma ligação... Nada. 
Só acho agora que eu não deveria estar sentindo falta. Afinal, até perdi um pouco a vontade de pintar em sua parede o desenho que você disse que faria. Acho que depois que tu me esqueceu, passei a perder esse gosto todo que eu tinha por pintar paredes. Parece que tu se foi junto da vontade de pintar... 

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