Just run...

Estaria enlouquecendo ao aproveitar os mínimos momentos que tinha solitária para fugir? Para arrumar as malas e por o minimo necessário para que não percebessem sua futura fuga? Pois bem, enlouquecendo ou não, foi isso que fez. Passou uma semana arrumando a mala aos poucos e pensando qual seria o trajeto que traçaria e o que escreveria em sua carta de despedida. Apesar de querer fugir ainda acreditava que seria muita desconsideração com aqueles que lhe criaram se ela simplesmente fugisse sem dizer nada, sem dar-lhes razão ou qualquer coisa do gênero.
De pouco em pouco a mala já estava pronta e então ela já estava pronta. Viajariam um dia e passariam o dia todo fora, ela ficaria sozinha e fugiria. Terminou de escrever a carta que já vinha montando há duas semanas a largou a caneta em cima da mesa, ao lado da carta que dizia mais do que apenas
"Obrigada por terem existido, talvez algum dia eu volte, mas agora, preciso ir atrás do que quero(....)"
Lhe doía um pouco o coração fazer isso, mas era algo que havia de ser feito. Não podia continuar ali, era sua hora de partir para seguir em frente. Pegou a mala e foi...
Chegou na estação de trem, no meio de tantas pessoas e com o pouco de dinheiro que pegar comprou uma passagem para algum lugar distante e foi caminhando com certa calma, com os fones de ouvido por dentro da camiseta e pisando fundo no chão liso da estação. Desceu as escadarias com a mala ao lado e uma mochila nas costas e sentou-se em uma das cadeiras que haviam na plataforma. Aumentou o volume da música que ouvia, era Adele, o ultimo CD que tinha comprado, e ficou ali ouvindo e ouvindo sem parar até que o trem chegasse na estação, desembarcando passageiros de vários jeitos, formatos e localidades, mas um dos passageiros que lhe cruzou o caminho, prendeu sua atenção.
Havia um certo tempo que não o via. Aqueles amores antigos quase sem cura, bem velhos e carinhosos que ficam se alimentando do pouco de você que ainda tem uma vaga e remota esperança de que poderá haver algo que fará dar certo esse relacionamento mesmo que você tenha certeza que nunca acontecerá nada... Eles se viram e por um instante o tempo parece ter reduzido de velocidade naquele momento, mas logo, o tempo voltou e os olhares se desviaram. O antigo amor continuou olhando, mas ela partiu sem mais nem menos. Ele queria interrogá-la do porquê da aparente fuga, mas viu que não daria devido a velocidade da fuga, então retornou à seu percurso anterior enquanto ela ia em direção à seu ônibus.
Deixou a mala ser posta no bagageiro do ônibus e embarcou, sentando-se em seu assento, logo ao lado da janela enquanto começava a ignorar os pensamentos de dúvida que vinham em sua mente. 
Estava na hora de partir e ela estava partindo....

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