Velha amiga solidão que me bate a porta

E aquele cansaço todo que estava tendo de ver pessoas partindo tão constantemente? Debruçada sobre o píer de madeira, encarando as águas se movendo calmas e desinteressadas enquanto ela tragava o cigarro com uma calma que nunca vira antes em si mesma. Bem capaz que não fosse calma, e sim uma tristeza aparentemente infindável que lhe acertara com tudo em toda a superficie de seu corpo. Parecia não ter fim, parecia que esse ciclo de perdas nunca terminaria, e do jeito que as coisas andavam, ela realmente não acreditava em um fim para aquilo.
Semana passada tinha perdido notavelmente uma amizade de aproximadamente 3 anos por culpa de uma discussão idiota. Dois meses antes, tinha perdido alguem que chamava de "alicerce", tambem por culpa de algo idiota...
Era tão desmotivador aquilo. Desanimador... De tanto que vinha acontecendo chegava a ser clássico, mas nã deixava de ser destruidor de certa maneira. Quando parariam de vir e ir? Quando parariam de ir em periodos tão curtos de tempo? Quando acabaria essa destruidora e cansativa rotina? Nunca?
Rezava para que acabasse, mas parecia que quanto mais queria que acabasse, mais demorava a acabar. Estava a beira da desistência de melhorias.
Por que deveria acreditar em melhorias quando nada melhorava?
Por que deveria acreditar que a felicidade bate a porta quando a única coisa que lhe chegava a porta era a solidão que abria a porta sem bater, entrava e sentava-se à seu lado no sofá folgadamente, lhe abraçando como uma velha amiga e lhe puxa o cigarro dos lábios, ou o que sobra do mesmo, dá uma tragada e depois esfrega-o no cinzeiro na mesinha redonda de madeira ao lado do sofá.
Essa era sua velha amiga solidão. Sempre acompanhando-lhe qiando parecia que todos haviam partido. Pensava vez ou outra que morreria sozinha, mas as vezes surgia-lhe alguem para acabar com o pensamento. Tempos depois, a pessoa lhe deixava e ali vinha o pensamento novamente...
Talvez certas coisas não foram feitas para existirem ou talvez não foram feitas para durarem. Mas enquanto não sabia o que realmente se passava consigo e com suas relações humanas, continuava no píer encarando as variações da água enquanto tragava seu cigarro com calma...

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