Macacos riem

Macaquinhos pendurado ali estão. Observavam as aves, as plantas, os outros animais e observam a ferrovia que se localizava próxima à árvore que eles estavam sempre pendurados. A ferrovia era uma paisagem interessante e as pessoas que passavam pela estação quase abandonada naquela cidadezinha esquecida por Deus. A diversão de dois macacos era aquela: ficarem pendurados de ponta cabeça, observando as pessoas que iam e vinham naquela estação. Pareciam loucos.
Outro dia, uma moça de não mais que 20 anos parou ao lado da ferrovia com um urso de pelúcia grande e bem fofo e exatamente na hora que o trem vinha se aproximando em alta velocidade, ela jogou o o ursinho em frente a este. No segundo seguinte a colisão, enchimento, plush, fita e plástico voavam em todas as possíveis direções e a moça saía andando como se tivesse feito a melhor coisa de sua vida.
Noutro dia houve um cara que ateou fogo à uma carta e a uma foto. Parecia realmente infeliz, provavelmente estava. Logo após a combustão dos dois papéis, pegou uma garrafinha prateada e jogou o líquido transparente sobre si e acendeu um isqueiro próximo à seu braço molhado com o tal líquido. Virou uma tocha humana. Sorte que o maquinista parou a tempo quando a criatura feita de labaredas e de grunhidos guturais e agonizantes se jogou nos trilhos. Parecia um peixe fora d'água de tanto que se debatia. Os macacos riram e riram como se não houvesse amanha.
Uma menina sentou-se com um rosto desesperado e ficou sabe-se lá quanto tempo sentada em posição fetal  com aquela expressão desesperada, até que um cara foi até ela, abraçou-a, eles discutiram feio e entao se beijaram longamente por iniciativa dele. Os macacos viram e riram.
Uma idosa outro dia parou e ficou achando os macacos lindinhos e fofinhos. Assim como outra figura, e outra, e outra e mais outras várias que os acharam fofos e tudo mais. 
Em outra ocasião, uma figura estranha arrastando um negócio grande, que se assemelhava à um saco preto com um corpo, para que o trem o atropelasse. Por pouco que não. Mas quase que o que havia dentro do saco pegou fogo. Pelo menos o plástico não conduzia eletricidade, apenas estalava. E a figura se irritou com a presença dos macacos e esbravejou em ameaça, apontando-lhes o dedo roliço e de unha amarela:
-- Vou me livrar de vocês, seus malditos! 
Os macacos ficaram em silencio e se entreolharam dizendo...
-- Mas que louco esse cara! -- o mais gordinho disse para o amigo mais magro
-- É! Ele acha que a gente ta fazendo o que até agora?! Rindo?!
-- É meu amigo, realmente os humanos são no mínimo loucos...
E para quem olhava, os macaquinhos apenas olhavam e riam das pessoas que iam e vinham pela estação todos os dias...

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