Não tenha medo de dizer alguma coisa pra fazer a minha vida mudar

Primeiro dia: Abriu a mala ao chegar na sala de aula e encontrou o bilhete em cima de suas coisas, imaginando que ele fora posto em sua mochila pela fresta que havia entre os zíperes. Este dizia:" Sei que eu não vou ser o primeiro e talvez não seja o último a falar, por ter medo de te perder." A garota de leves ondulações no cabelo sorriu e dobrou o bilhete, guardando-o novamente enquanto olhava em volta, tentando descobrir quem é que podia ter lhe enviado...

Segundo dia: Deitada em sua cama, lendo, seu celular avisa uma nova mensagem, de um número que ela desconhecia completamente. Ela abre a mensagem e lê: " Quero ver como tudo é lá fora mas você ainda não me deixa entrar por medo de também querer..." Riu e encarou o mural magnético coberto de fotos pensando se algumas das pessoas que estiveram consigo nestas fotos seria a pessoa que lhe enviou. Um rosto lhe fez um tanto de sentido mas riu com a impossibilidade da hipótese e observou a mensagem outra e outra e outra vez....

Terceiro dia: Na mesa do colégio, seu bombom favorito com um papel grampeado na embalagem posicionado meticulosamente acima da mesa, no centro. Puxou o papel da embalagem e abriu-o, lendo o que estava escrito na finíssima tira de papel de tamanho suficiente para caber uma letra tamanho 12 " Sabe aqueles caras que hoje passam por aí? Eles me lembram outro cara que um dia eu conheci, quando ele viu você não soube o que falar por medo de ouvir uma resposta que fizesse o coração parar." Sorriu outra vez, estranhou o fato de ser a terceira vez que recebia alguma coisa do gênero, e guardou o papel enquanto comia o bombom.

Quarto dia: Conversando no pátio no intervalo com a melhor amiga, um garoto de alguma série muito mais baixa chegou  à seu lado e deu-lhe um papel tão, mas tão, mas tão amarrotado que poderia muito bem ser uma bolinha de papel, e afirmou que pediram-lhe para entregar à ela. As duas garotas riram e a de cabelos levemente ondulados abriu o bilhete que dizia exatamente: "Mas se eu fosse você daria uma chance pra tentar. Quero saber o que sente agora, Sophia, se ainda sonha ou continua a pensar que nada disso vai valer." A garota corou e sua amiga disparou a rir do possível admirador secreto da primeira, que não era do tipo mais namorador que havia por lá. O garotinho sorriu e saiu caminhando sorridente por ter cumprido uma missão.
Quinto dia: Uma outra amiga de Sophia deu-lhe a ideia de juntar as mensagens que recebera nos últimos dias antes do intervalo, e por mais estranho o momento que este conselho viera, ela o acatou mesmo assim. Depois que juntou-os viu que havia uma certas rimas neles, que havia musicalidade. Melodia. Leu-os em voz alta com tal melodia que imaginava, sorrindo, e logo um rapaz de outra sala, famoso pelas altas notas e pela incomum simpatia entrou com um violão, cantando as mensagens, a fazendo ver que eram uma música. Olhou-o e lembrou-se do dia que a mensagem no celular veio...
Sabe aqueles dias que nunca vão se apagar?
Que os outros caras só queriam ocupar o meu lugar
Quando eu vi você, não soube o que falar
Por medo de ouvir uma resposta que iria me fazer ficar
E se eu fosse você daria uma chance pra voltar
Quando você me ver, já sabe o que falar

Era ele, a suspeita estava confirmada. Uma antiga amizade do qual ela sentia falta muitas vezes e que estava sorrindo agora ao se lembrar dela de outras maneiras....
Não tenha medo de dizer alguma coisa pra fazer a minha vida mudar
E quando eu te ver, só quero uma chance pra ficar

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