Present day, things have changed...

Três anos se passaram e a vida tem se passado. Monótona, equilibrada e controlada. Sem efeitos colaterais ou bilaterais vindos daquela carta manuscrita e mal feita. Psicológicos ou físicos. Nada que me afetasse. Apenas um pequeno abalo emocional, mas nada de muitos efeitos. 
As coisas continuaram as mesmas por aqui nesse meio tempo, enquanto simultaneamente elas deixavam de ser tão iguais ao que costumavam ser. Um paradoxo causado por apenas um pedaço de papel que não chegava nem a ser do tamanho de uma folha sulfite inteira coberto em menos que a metade por uma letra em garranchos bem diferente daquilo que costumava ser quando escrita com calma. Não compreendo a fuga até hoje porque eu poderia ter partido com você, te levado pela mão à todos os lugares e hemisférios que você sempre desejou visitar, ter-lhe feito companhia em todos os momentos que precisasse e ter-lhe-te levantado no ombro em cada show de rock para que pudesse ver melhor aquele artista que você é loucamente fanática. Devido à minha falta de compreensão, entenderei como uma maneira que arrumou de respirar já que sempre te comparei à um pássaro. 
Livre, espontânea, de olhos vívidos e coração que queima constantemente por brisas dioturnamente.
Três anos sentindo falta, absorvendo o mundo da maneira mais equilibrada o possível e notando a falta do desequilíbrio que movimentava e coloria minha realidade em tons de branco e cinza. Intensidade de mil sóis que eu gostava de desenhar e uma agitação incomum com aquele sorriso contagiante que me animava os dias logo quando via-te acordando com os cabelos desgrenhados se movendo graciosamente pelo meu peito nu enquanto você dormia pacificamente. Acredito que durante muito tempo dentro destes três anos tive fortes esperanças de que um dia eu estaria sentado no gramado da Redenção durante um dia de sol na primavera e você surgiria em algum dos portões do parque me sorrindo contagiante na volta. Mas após tantas tarde, três verões, três outonos, três inverno e agora na terceira primavera os negócios pareceram decolar, as pessoas pareceram decidir fazer mais tatuagens. Me deixou feliz esse aumento de movimento na loja e eu gostaria de compartilhá-lo contigo, mas onde você estaria?
Se foi e fiquei aqui sem muito o que fazer. Apenas na minha boba medíocriedade de sempre...
Ao final da terceira primavera estava desenhando, sentado no gramado da Redenção, em um dia com previsão de chuva, e vi de longe aqueles cabelos longos e levemente cacheados dançando ao vendo nos tons de fogo que só aqueles tinham. O sorriso contagiante que sempre fez meu coração acelerar e meus nervos desandarem agora apenas contagiava, mas não me fazia alterar a expressão estupefata.A beleza dela tinha se tornado apenas uma beleza, algo que eu observava e não levava mais do que como apenas uma beleza de uma estranha que me apareceu por um acaso em um dia qualquer. 
E após toda minha análise e minha expressão continuar estupefata pela surpresa percebi apenas uma coisa: ela não tinha mais meu coração em mãos como há exatamente 3 anos e 15 dias.

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