Marry me?

Pediste tua mão de joelhos em um terraço de um nem tão qualquer lugar. Passou a mão na barba rala mal feita escura sobre o rosto branco tal qual papel e os olhos escuros se expremeram em dúvida na direção dos olhos azuis e e cabelos em degradê de 4 cores distintas. Um largo sorriso contente se formou e os olhos azuis marejaram mas logo o sorriso se desfez e explicou que não poderia mais adiante com tudo aquilo. 
Viviam naquele eterno ciclo vicioso: brigavam, paravam de se falar, reconciliavam-se, amavam-se, brigavam novamente(...) Sua relação era essa eterna montanha-russa e de nada mudava já haviam quase cinco anos.Já havia se magoado tantas outras vezes com ele, como saberia reagir agora que ele estava de joelhos à sua frente com um anel de brilhantes em uma caixinha de veludo com aparência de uma rosa, sua flor favorita. 
Os segundos se passaravam e nada, só as palmas das mãos em bicas e os lábios perdiam a cor ´pr de baixo do batom vermelho carmin. Os olhos esperançosos do rapaz perdiam o brilho que vinham adquirindo no instante em que ele se ajoelhara ali após pedir a garrafa de champagne que vinha junto à caixinha de veludo. Tinha planejado tudo tão perfeitamente, em cada mínimo detalhe. O restaurante, o horário, o jantar, a sonoridade, as palavras, o champagne... Tudo para que fosse perfeito e que não houvesse como ela rejeitar o pedido. Mas agora ali estavam, ele de joelhos há aproximadamente 3 minutos com a caixinha na mão e ela de pé, o encarando de olhos marejados e os lábios sendo mordidos e torcidos diversas vezes por segundo como se não soubesse o que falar.
Ou soubesse perfeitamente o que dizer mas não soubesse a maneira de dizer...
Era agonia pura e ela sabendo e não sabendo o que responder. Nos ultimos quatro anos, alguns bichos de pelúcia e várias brigas, ela tinha pensado que eles seriam um do outro para sempre, casariam-se, teriam os sonhados dois filhos em uma casa com piscina que se localizasse em Floripa e então seriam felizes para sempre com sua família constituída enquanto ambos estivessem no ápice da carreira. 
Mas agora... Agora era agora. Simplesmente agora e nada além do agora. 
Tantos momentos imaginando esse dia e agora estava acontecendo e ela estava assim: as mãos suando sem que ela pudesse secá-las no vestido negro novo,  e segurando-se para sua pressão não cair. Mas tinha de decidir o que fazer. Tinha que fazer o certo...
Monossilábico e significativo. Não. Somente isso. E se foi. Dez minutos longos se passaram desde aquele momento que ele pediu a e podia jurar que nunca mais teria um momento tão assustadoramente intenso quanto aquele que acabara de protagonizar.

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