Only in hopes of dreaming that everything would be like it was before

Enviou aquela maldita mensagem enquanto ela estava na auto-estrada. Encarou o telefone e o texto que aparecia na tela do mesmo e sentiu a tentação de responder, somada à milhares de borboletas, mesmo que isso não fosse o correto após tudo o que aconteceu. Ainda se lembrava, mesmo que em flashes, daquela noite há dois meses.
Da briga, da crise, do ciúmes, dos gritos e do próprio choro. Tinha sido largada na frente de uma das maiores baladas da cidade, sem celular e sem carona, porque o rapaz tinha se embebedado até o limite, se tornado violento, criado confusão por ter dado em cima da namorada/ficante/ou qualquer coisa que aquela outra garota fosse de uma grandalhão que estava na mesma festa. Detestou a sensação mas teve que ignorá-la. Tinha ânsia só de lembrar da confusão toda daquela noite e da outra tarde quando fora pegar suas coisas no apartamento que haviam alugado juntos próximo ao centro da cidade. Lembrou-se disso enquanto estava parada em um congestionamento e então socou o volante e apoiou a testa com força no mesmo, resmungando "Que ódio!" diversas vezes para si mesma como se fosse um mantra para deixar a raivar passar.
Ouviu buzinas e viu que os carros andavam. Mudou para uma faixa quase vazia e vira que haviam dez minutos que recebera a mensagem e até então não encostara o dedo no celular por um instante sequer para visualizar se havia mais algo na mensagem ou se ficara por aquilo mesmo. Mas conhecia-o, ele sempre deixava algo mais nessas mensagens, ainda mais agora. Dois meses atrás aparecera pela última vez no apartamento para recolher as coisas e nunca mais voltara. Nem ao menos compreendia o porque de ele enviar-lhe uma mensagem tanto tempo depois de tudo o que ocorrera...
Ainda dirigindo e divagando sobre o que fazer, e ainda sem encostar o dedo no telefone, o mesmo começa a tocar e ao encarar o identificador de chamadas se depara com o nome dele. A última pessoa que imaginava que lhe ligaria após tudo aquilo. Em segundos tantas coisas se passavam por sua mente e ela não conseguia definir o que fazer. Então decidiu enquanto o telefone ainda tocava.
Colocou no viva voz e apenas esperou que ele falasse o que fosse que tivesse para falar.
Um "Alô" tímido do outro lado da linha e sua resposta. Um "Tudo bem?" também tímido, e sua resposta. Um suspiro extremamente profundo e logo um desabafo somado à um pedido de desculpas e e a moça sem saber exatamente o que faria simplesmente calou-se por um instante enquanto o rapaz perguntava insistentemente, devido ao nervosismo, se ela ainda estava lhe ouvindo. 
"Olha, estou indo para o aeroporto nesse exato momento. Agradeço muito que você tenha me ligado para pedir desculpas por toda aquela encrenca, mas, tenho um vôo para Dublin daqui a 4h porque arrumei um estágio lá então apesar de tudo, eu gostei do tempo que passamos juntos mas acabou. Então... É. Adeus" e desligou o viva-voz e o telefone. 
Tinha decidido que começaria tudo em Dublin, então começaria tudo de novo em Dublin...

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