Talento

Percebi que talvez eu seja meio vazia, louca, sem sentido(...) Talvez seja um pouco assustada e ansiosa às verdades que vem me estapear cada dia mais e às loucuras que vem me abraçando de tempos em tempos. Uma vez vi que o possível destino de todo escritor é se viciar em solidão, se viciar na companhia do "eu" se viciar em si próprio e passar a perceber que o mundo é tão enrolado e amarrotado que talvez não valha a pena manter-se nele de tão complicado e, impossível de ser provada a verdade que este mundo é desorganizado, independentemente do que tentem para organizá-lo já que os conceitos não costumam mudar de maneira nenhuma.
Escritor aprende a sentir e desaprende a apegar. Aprende a escrever e desaprende a falar. Aprende a expressar o que não escreve por gestos sutis e desaprende a se expor. Aprende a ser solitário e desaprende como dizer coisas bobas tal qual "Estou precisando de alguém" porque convém muito mais escrever do que dizer. A pior crise de um escritor é esse aprende-desaprende porque é bom aprender, mas e o momento em que você não sabe mais escrever o que sente e não sabe mais falar sobre? E quando você vê que sente mas não sabe o que sente? Quando você só sabe que escreveu aquilo, mas nunca que um dia sentiria? 
Escrever muito dói, e como dói. E nem é aquela dor de tendinite ou algo do gênero que tu fica sentindo depois de escrever muito. É dor de soltar, remexer e revirar dores que há muito não eram tocadas e que era melhor que não tivessem sido tocadas, mas as vezes a alma de escrever seja saber revirar essas feridas. Ser meio louco e buscar em dores algo que possa ser extraído alguma inspiração. Aquela música que te dilacera os sentimentos,  aquela cena de filme que te aperta o coração e aquele conto que te acaba com as defesas... 
É um ato doloroso, um "talento" que custa caro e que as vezes cria a dúvida se é uma habilidade tão boa assim...

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