Can I wish you away?

Foi por acaso, muito acaso, mas decidiu que levantaria-se sozinha para ficar só por um tempo. Enquanto se aprontava para sair pensava que não queria ninguem que não fosse aquele que estava na cama ao seu lado, dormindo, por todos os dias, aos mesmo tempo em que não queria que houvesse alguém todos os dias acordando à seu lado. Vivia nessa complicação e nunca sabia exatamente o que queria. Sabia que possivelmente tinha encontrado alguém que seria um ótimo marido,seria a pessoa perfeita para lhe acompanhar, ou imperfeita... Não sabia com exatidão a palavra certa, mas independentemente de palavra certa ou errada, não queria alguem a seu lado todos os dias, gostava de sentir saudades, se afastar, retornar, partir e voltar. Não sabia ser constante, precisava o tempo todo de espaço, de tempo para pensar e refletir sozinha sobre o que queria, não queria e deixava de querer.
Pegou a lata de energético na geladeira quando estava saindo do apartamento e enquanto saía pela porta, via aquele que desejava acordar sempre a seu lado coçando os olhos vestido apenas em uma cueca que marcava bem seus atributos, perguntando onde ela iria àquelas horas da manhã de um sábado. Ela sorriu, sacudiu os cabelos negros de cachos pequenos desde a raiz e soprou-lhe um beijo no ar, dando uma piscadela simpática logo em seguida. Decidiu que sairia durante todos os dias que lhe fosse possível para poder ficar solitária, decidiu também que buscaria um apartamento para chamar de seu. Estava cansada de viver com seus pais e queria poder ter seu espaço para ir e vir quando quisesse. Era uma alma livre e então ela seria uma alma livre, como um falcão cortando espaços pelos ares até chegar ao topo de montanhas para se desfazer de tudo que era-lhe antigo e que quando voltasse, voltasse em toda sua grandeza de magnitude de sempre. Iria continuar a ver o mundo da maneira espetacular e mágica que sempre viu e agora, iria equilibrar isto com a vontade de se prender que vinha lhe abalando as crenças de alguns tempos para então. Iria aproveitar o fim de tempo que tinha para isso pois ainda quer viver solta, mas há momentos em que prefere se prender à um porto seguro, que todos os dias lhe espera acordado no sofá e que por alguma razão inexplicável, não sentia-se nem um pouco estranho dentro da rotina de idas e voltas daquela moça que não sabia se agregar a ninguém por livre e espontânea vontade.....

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Crônica de Halloween

Oh, fuck it

Velho violinista