Desencargo

Me fale de café, de versos, de poesia de bar, de música inacabada e violão sem corda, mas não me venha falar de amor não duradouro se tudo acabou naqueles versos naquele dia no café. A enxaqueca atacou e não manifestei minha dor. A gastrite também me machucou, mas nada disse eu se tudo isso era culpa que tu me destes. Ah, nesse frio de outono tomando café no fim da tarde e te escrevendo versos que nem se um dia tu lerás, me finjo de inteligente usando palavras difíceis para lhe escrever um versinho que caiba bem os sentimentos. 
Ah querida amiga não se dissolva por palavras bobas e fáceis, esses teus versinhos só são bonitos quando são escritos para ti, de outro modo não. Tu és ciumenta e acha que largar-te-ei por outra moça qualquer por ai.
Moça da vida tu não és, mas dizem ter vocação. Moça da vida tu não és, mas sabe todos os ensinamentos destas. Moça da vida tu não és, mas tem sentimento de sobra que nenhuma delas tem.
Menina que acabou de virar moça que me veio falar de café, de versos, de poesia de bar e de música inacabada e desistiu de falar do violão que não toca mais e do amor que não existe mais. Menina ainda tem muito que crescer. Tem muito de tua essência infantil que ficou contigo. Espero que esse charme nunca lhe deixe, minha criança, porque senão esse mundo lhe deixa de fora do que tu deverias estar vivendo. Espero que saibas o que faz com estes moços por aí, pequena, porque o mundo não é tão bonito quanto lhe disseram um dia. Minha querida, não tenha esse excesso de preocupação, deixa que me preocupo com todas essas coisas que podem dar errado. Não tem problema não, te amorteço enquanto tu cresces...
Me falou de café, de versos e de poesia mas desistiu da música porque sabia que ela nunca ia acabar porque não tinha mais amor pra dar pra música e nem emoção para doar alegremente à mesma. Acabou a música inacabada porque ninguém a quis terminar. Menina, entenda que a música terminou pelo meio mesmo assim porque o café está quase congelado; os versos não tem sentido; a poesia tornou-se formal e a informalidade do bar foi largada ao relento. Minha querida, aprenda assim que o mundo não é tão simpático quanto lhe ensinaram quando pequena porque assim, criança, o mundo gira e nós o acompanhamos sem cair no chão porque assim vivemos bem.
Então, não se perca criança.
Não fala-se mais do café, porque o mesmo está bem frio; nem de versos pode-se falar, porque foram jogados fora pela falta de qualidade e muito menos de amor, porque nem acredita-se mais e ele ficou ali amando por vocês dois....

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